05 março, 2011

o escurinho e a rosa



'já foi no morro do formiga
procurar intriga;
já foi no morro do macaco
já bateu num bamba;'
geraldo pereira

acordou no meio do fumacê, com as narinas pegando fogo de roucofungado, olhos nem abriam de tão ardido e aquele jatão de água morna batendo na bunda, nas costas, na cabeça, entortando  a nuca e quando pouco abriam os olhos... o fogueirão na frente deixando tudo turvo. -morri e fui pro inferno. -meu são jorge apaga o fogo desse dragão que me come inteiro! gritou bem alto. -come todomundo! ouvi os gritos da rosa. mandava eu ir prá porta da janela do carro da serpente. que a gente via lá na janelona da rua até que o carnavalesco mandou cobrir. -valeime rosa, ceguei ! ouviu os gritos ...vai na janela. rápido um montão de gente, com todas as mãos me carregando e um fresco que não era àgua da baba do dragão veio vindo e rápido arrastaram eu, rosa, seuantenor e docito prá dentro do cesto na pontinha da escada vermelha.

deitado lá no chão chorava em seco chupando o soro. chorava de me mijar nem sei quantas vezes. chorava tão no fundo de medo, de raiva. três horas depois o fogo foi apagado e se apagou. nesse carnaval de 2011 nossa ala sai  mais no chão, o samba no pé e o brilho das àguas da emoção dos nossos olhos vão iluminar a sapucaí, mesmo que o fogo do dragão coma a light.

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