05 março, 2011

pertos


sangue vermelho empapou o meião prá sempre
a chuteira ficou pro pivete.
dedão entortou

anos antes viu na tv
um avião cair na periferia de Londres, ficou a certeza
:adotar o banjo do avô.
aquela música da tv na cabeça

quando aprendeu a gostar
da amarelinha do casteluche,
sangue se modificou outra vez

:sempre troca as cordas do banjo antes de entrar no avião
e carrega a carteira de sócio nº21 do Vila Antonia na carteira



bijutices


eram tantos os pontos verdeazuis
no crochet do cachecol
amarrado
na alça da bolsa

apressada
na paisagem desfocada
na cidade céu cinza,
in tarde finda.

aquela boca, avermelhando meus olhos,
no rosto sem cor
catando qualqueralguma
coisa solta na fundura da bolsona.

entre cardumes coloridos de confeitos m&m,
naquele aquário de cosméticos,
as alegrias na pérola
no brinco garimpado


março2010
(do livro    DUAS )

o escurinho e a rosa



'já foi no morro do formiga
procurar intriga;
já foi no morro do macaco
já bateu num bamba;'
geraldo pereira

acordou no meio do fumacê, com as narinas pegando fogo de roucofungado, olhos nem abriam de tão ardido e aquele jatão de água morna batendo na bunda, nas costas, na cabeça, entortando  a nuca e quando pouco abriam os olhos... o fogueirão na frente deixando tudo turvo. -morri e fui pro inferno. -meu são jorge apaga o fogo desse dragão que me come inteiro! gritou bem alto. -come todomundo! ouvi os gritos da rosa. mandava eu ir prá porta da janela do carro da serpente. que a gente via lá na janelona da rua até que o carnavalesco mandou cobrir. -valeime rosa, ceguei ! ouviu os gritos ...vai na janela. rápido um montão de gente, com todas as mãos me carregando e um fresco que não era àgua da baba do dragão veio vindo e rápido arrastaram eu, rosa, seuantenor e docito prá dentro do cesto na pontinha da escada vermelha.

deitado lá no chão chorava em seco chupando o soro. chorava de me mijar nem sei quantas vezes. chorava tão no fundo de medo, de raiva. três horas depois o fogo foi apagado e se apagou. nesse carnaval de 2011 nossa ala sai  mais no chão, o samba no pé e o brilho das àguas da emoção dos nossos olhos vão iluminar a sapucaí, mesmo que o fogo do dragão coma a light.