01 agosto, 2012

ONZE.PrimeiraApresentação

ONZE
PrimeiraApresentação


Este é o laço que o une aos outros, o tesouro sepultado no mais profundo do nosso ser, jamais descoberto, por que é nosso conforto, porque dói ao tocá-lo.
Eugenio Barba, Carta ao ator D.

O que aconteceria, se um estranho batesse na sua porta pedindo uma colher de pimenta emprestada para o churrascão na casa da Boca e você reconhecesse a camisete que seu pai usava no dia em que morrera afogado na excursão para Bertioga ao andar mar adentro, cheio de caipiroska. Bem no final das tardes.
Contar histórias e às vezes ins-crêr-vêr-las no preto & branco, é uma maneira de não me esquecer de ser. E um formidável jeito de apreender o imaginado e desenhar sem linhas nem planos, sem pontos, trechos de cenários distraídos, convergentes, por vezes divergentes possuídos de regras que se constroem histórias e nexos no jogo matemágico da imaginação... palavras, essas larvas de falas... Riscos. Escrever é uma maneira de também matar. Dar por feito. Dar por acabado. Dar início e navegar pelo infinito de propositura qualquer. É uma espécie particular de ser, feito um camaleão que se apodera do entorno: meio que some de si. É um tanto o outro, por si. Apenas por seu sonho.
Tirar férias dos sonhos, das nebulosas, das notícias em tempo real no estilo sucesso instantâneo em que se transmutam shows espetaculares, com enredos maus mal- harmonizados nos desfiles do tempo, desses dias de viver.
Fica aqui registrada a fraqueza do traço, da linha, do desenho, da dimensão definidora da imagem... aliás, depois de exercitar a vigésima sétima hora, apenas ficar contente com a capacidade da vontade de desenhar, escrevendo, vistando o olhado que caminha pelo ar, escrevendo, revendo o escrito, contos, testemunhas do tempo, historias, prosas, relatos de cenas, pedaços da morte estão aqui nesse ONZE. Embora a morte seja quase intraduzível. E a certeza fina que todas as mortes venham ser intraduzíveis. Ainda

...em tua fala imersa vou, que ela é clara e muito bem descreve este abismo e quem nele esta disperso. Dante, Canto XI do Inferno.
CG, inverno, 2012.


29 julho, 2012

onze


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