título ainda não tem.
será engulho¿
Fiz uma leitura apaixonada por “Antes de Evanescer”.
O ritmo e o corpo
da novela me tiraram pra dançar noites e melo-dias.
Tomou minha emoção o ambiente juvenil e me aprendizEu
de leitor, então imaginarmei as
pistas num game pessoal. Íntimo.
Se o enredo fosse ruim, um exercício menor de EF, esse play seria código de barras em rótulo de
concurso de margarina.
Alegra-me que seja sutilmente alínea alinear.
"Classificar não é entender. E menos ainda compreender. Como todas
as classificações, as nomenclaturas são instrumentos de trabalho.
No entanto,
são instrumentos que se tornam inúteis quando queremos empregá-los para tarefas
mais sutis do que a simples ordenação externa. Grande parte da crítica consiste
apenas nessa ingênua e abusiva aplicação das nomenclaturas tradicionais."
Octávio Paz.
"Apresento meu amigo.
Donde é que ele vem?
De lá da minha quebrada.
O que é que ele merece?
Pagar pela mancada." Thaíde e DJ Hum.
Repórter de paletó preto:
Se o rapaz estava mesmo traficando toda essa droga, então por que no
carro baleado havia apenas a mochila escolar com todos aqueles dólares falsos?
Doutor Praxeidês:
Faz nove anos que sou delegado titular meu tio que me criou depois que
meu pai foi assassinado em tiroteio com bandidos, meu tio que se aposentou
delegado titular chefe geral e depois foi professor condecorado na escola de
polícia, confirma a suspeita que de resto, são as provas, todo mundo viu, tá
filmado, o carro baleado e o motorista morto, e a mochila lá, tudo pra
despistar, trata-se de uma quadrilha bem informada. Mas é uma coincidência toda
essa baderna de sequestros. Criminoso é sempre burro. Logo a gente fica sabendo
onde são xerocados os dólares falsos.
Repórter de camisa verde:
O que exatamente a velhinha falou em depoimento, sobre a chefona loura?
Doutor Praxeidês:
Essa ela nunca viu. Disse também que a casa velha só foi usada uma vez
pra esconder gente e o rapaz não batia bem da cachola, parece que o tio tinha
mandado ele pra lá de castigo. Que antes a casa era mesmo usada por casais que
iam lá fazer safadeza, depois que a velha dona morreu, então ela ficou cuidando
da casa, dava uma limpadinha, levava um café, um pedaço de bolo, uma jarra de
água fresca. E ganhava uns trocadinhos.
Jornalista especializado no jornal do meio dia:
É mesmo desesperador... o corpo do rapaz foi encontrado. Carbonizado. O
barraco estava inteiro queimado. O terreno fora inteiro queimado. O rapaz fora
identificado apenas pela medalhinha redonda que estava jogada pelo mato, com um
coração na cara e um erre maiúsculo na coroa, distante oito metros da porta do
casebre, próximo das pegadas... marcas de pneus de dois carros diferentes. A
língua da velha estava cortada. Em estado de choque, os médicos ainda não sabem
se ela terá condições de voltar a falar. Ainda assim, no leito do hospital os
psicólogos deram-lhe papel e caneta. Em péssima grafia escreveu rabiscos que os
investigadores e psicólogos especializados designados para o caso,
identificaram apenas como Maria de Carmo sina Fidelis. Pode ser o próprio nome
ou não. O fato mais marcante é que os facínoras acreditavam em sua morte, já
que as pernas sofreram queimaduras tão profundas que os ossos ficaram expostos.
"Crítico" de literatura no programa de variedades:
As poucas anotações encontradas, provavelmente se livraram do fogo com a
ajuda de algum vento, ao se abrir a porta antes do incêndio. As palavras e a
conexão entre os ideais tão díspares, indicam, autores diferentes, inclusive em uma
análise psicanalítica elementar e parcial, qualquer leitor atento ficará
convencido, de que os textos, embora tenham letras parecidas... afirmo
parecidas, não idênticas ou similares, indicam quase que... com a certeza de um
grafólogo, o que, aliás, a polícia deveria providenciar... uma riqueza de bilhete
com uma reflexão tipicamente característica de leitor maduro dos entremeios de
romance capa-espada. Um diário sentimental que não faz referencia alguma a uma
morte real. As entrelinhas não indiciam jamais a natureza incendiária do
desfecho final.
Título provisório
Léo
dois, que amava Suzanne, que também não se casou com Maycow...
1) Já nem sabia se eram moscas, mosquitos ou pernilongos. Formigas não
eram. Nem abria os olhos para procura-las, sabe-las, identifica-las.
Suas companhias não alimentavam minha solidão e minha saudade de andar
atrás dos ensaios e de correr na frente de um carro atravessando a rua no
crime, sem riscos, apenas comigo e com um futuro próximo e não planejado.
O que se passa na cabeça de um autor quando deliberadamente deixa um
personagem jovem e inocente a beira da morte eminente¿
2) Carlos Nejar escreveu que Paul Claudel diz que a Odisseia não foi
feita com os vocábulos de Homero, mas ao contrário. E escreve ainda que “A de
Joyce é uma Odisseia arquitetada com as palavras de Joyce”. Não o contrário.
Os diários desesperados dos personagens moribundos serão sempre
testemunhas dos ressecamentos dos fluídos pela megadescarga das desarmonias químicas e gravitações, componentes do
medo¿
3) Nas Mil e umas noites, a palavra, o verbo é gesto, é linguagem, ao
fabular adia a morte.
A linguagem faz mar, ventre, vida.
Léo usa as palavras que o mundo lhe deu, e que ainda não comeu nem
expulsou.
E assim estão em seu diário: palavras.
Palavras, Não-linguagem.
Será Léo, um cordeiro-oferenda que EF oferece num fáustico pacto com os
semideuses e deuses do panteão das entrelinhas¿
4) E por fabular, adiará própria Morte? Sim!
5) Nem Eu lastimo o fato de seu livro não finalizar como imagemvi lá
pelo meio do segundo parágrafo da pág. 61.
E me alegra o sentimento de concordar com seu epílogo, incidental
desfecho e mergulho prazeroso em outra aventura na lagoa já reconhecida.
ps.
EF vai depressa, mostra logo os outros textos.
Estamos anciosos pelo próximo game. CG