Couro de Ouro
Eu sei que Tu agora estás na vida boa
sei também que teu vintém não é pra mim
que passas horas do relógio bem atoa
arranham unhando o gatão do tamborim.
E não volte a dizer que sou otário
mais um babaca a cuidar do seu jardim.
Logo logo vou buscar o meu salário
nem me ligo na origem do dindin.
Fiz minha lasca do negócio meio a meio
cumpri o prazo e carimbei o dito fim.
Nem vem ter goma de sujeito lesco lesco
chumbo de ouro nem de prata é pra mim.
Não fugi do fato feito meio escuro
levo que quero meu ouro o meu din din.
Fiz minha parte do negócio meio claro
sua pele nada vale esse é seu o fim.
Quando acharam o corpo jovem já morrido
já decomposto num estado bem ruim.
Certeza era que Jorge tinha ferido
de vez pra sempre o gatão do tamborim.
Cumpriu o dito velho Jorge todo liso
nem foi ligado ao corpo jovem todo morto
Estica o couro do sujeito lesco lesco
dançando um samba enrugado todo torto.
Fazia o credo a Das Dores, quando ouvia.
"Valei me do jacui santa luzia
que seja essa só um história de véio demente."
No jardim o gatão rugia:
No tamborim é couro de gente!
No tamborim é couro de gente!
No tamborim é couro de gente!
( CG
em conspiração com Jorge Miguel da Conceição)