21 abril, 2016

racismo.crime

Cultura afro-brasileira acolhe a todxs. Porém podemos constatar pouca representatividade negra nos grupos de cultura popular de SP. Porque?
O que eu sinto é que a população preta e pobre, durante anos e mais anos foi obrigada a assumir o discurso do colonizador e desenvolveu um ódio à dor,e ser negro sempre representou no seio da sociedade ser aquele que está destinado por deus a sofrer, a ser menor, e afinal é isso que os irmão de pele viam na realidade. Quando entrei na escola primária em 1967, na escola amarelão, lá no parque boturuçú, um migrante nordestino recém chegado de arapiraca, eu não sabia falar com a prosódia branco paulistana, então eu falava do jeito que havia 'aprendido' na minha família. Pois então com sete anos de idade umas crianças da minha classe me disseram que eu era negro e que por ser negro eu era burro de 'nasçença' eu disse que não era burro não e comecei a ler em voz alta e meio pirado, umas páginas daqueles caderninhos de letra de música que existiam na minha época de sete anos, para espanto de todos "eu sabia ler "as mais bonitas músicas de zilo & zalo. Isso não me fez menos negro aos olhos daqueles que acreditavam naquilo. Nem menos burro. Mas me fez ser respondão! A destruição da identidade pessoal e coletiva do ser humano pobre e preto na cidade de são paulo foi um crime institucional que está incrustado na sociedade. Os negros aprenderam a dissimular os laços identitários, e a negá-los. Conheço muita gente que pratica cristianismo e mais outra religião de matriz africana ou afrobrasileira e não diz....na minha família mesmo conheço gente que vai ao centro de umbanda na terça feira e no domingo na missa católica, em segredo. Essas pessoas não se sentem no direito de ser livre. O pior de tudo é que na primeira doença, desemprego, desentendimento conjugal e ou outra 'fraqueza' da vida , podem ter sua liberdade de espiritualidade sequestrada por uns desses novos cultos cristãos. Daí é que os pretos pobres vão diabolizar tudo que tenha a sublime origem de matriz africana. Sei que esse é mais um desabafo desse cláudio gomes, o velho. E espero que contribua para viver aspectos dessa reflexão tão necessária. Obrigado Aloysio Letra pela provocação. <cg>

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